O que a fala tem a ver com desenvolvimento infantil?

O desenvolvimento infantil acontece a nível físico, intelectual, social e emocional. São essas as dimensões a serem acompanhadas durante o crescimento da criança. Problemas na fala têm tudo a ver com o desenvolvimento infantil, e eles podem ser provenientes de qualquer uma dessas dimensões.

Os marcos de desenvolvimento servem como guia para os pais, educadores e médicos para identificar se o bebê está se desenvolvendo adequadamente. Se você não sabe o que são os marcos, clique aqui.

Desenvolvimento infantil e problemas na fala

A fala não evolui isoladamente. É importante observar como está o desenvolvimento infantil de uma forma geral. A escuta precede a fala: é pela audição que o bebê capta os primeiros sons e começa a imitar. A princípio são incompreensíveis, sem sentido, mas vão ganhando significado em conjunto com expressões corporais.

Existem dois tipos de comunicação: a linguagem verbal e não verbal. A verbal trata-se da fala e da escrita. Por meio das palavras, expressamos sentimentos, necessidades e ideias.

É principalmente por meio da fala que estabelecemos relacionamentos, e a dificuldade em falar pode afetar as relações. Verifique se o bebê alcançou o esperado no teste da orelhinha; ou se ele agita-se com barulhos e se acalma com a voz da mãe, por exemplo. Podem ser indícios de perda de audição.

Dificuldade de comunicação também pode ser indicativo de: autismo, síndromes, alterações neurológicas, ou mesmo um atraso de linguagem sem nenhum outro fator associado. 

Desenvolvimento da linguagem nos primeiros meses de vida

Nos três primeiros meses o bebê acorda e se assusta ao ouvir um som, começa a fazer sons com a garganta, chora, modo pelo qual expressa tudo o que precisa. Dos três aos seis meses começa a balbuciar, arrulhar, tocar e imitar os sons que ouve. Seus gritos começarão a soar diferentes conforme aprender a comunicar fome, frustração, desconforto e sonolência.

Entre seis e nove meses, o neném passa a responder a sons próximos e produzir sons de vogais e consoantes. E aos doze meses começa a emitir as primeiras palavras.

Perceba que o desenvolvimento da fala capacita o bebê a ir evoluindo em outras áreas, isso tem impacto na aquisição de habilidades futuras como a alfabetização. Esteja atenta se o bebê escuta bem, esse é um dos primeiros passos para o progresso da fala.

É normal a criança falar errado?

Falamos bastante sobre o desenvolvimento da fala nos bebês. Agora, vamos tratar das crianças. 

É comum que os pais tenham facilidade em entender o que os filhos dizem, porque aprenderam a associar palavras ditas erradas ao seu significado, como troca de letras ou omissão de sílabas em palavras grandes. Mas falar errado pode não ser normal, a depender da idade.

Para cada faixa etária existem os tipos de erros que estão dentro do normal. Com o decorrer do tempo e a aquisição de habilidades para emitir sons, a fala vai se aperfeiçoando.

Por exemplo: até os três anos e seis meses, a criança ainda pode trocar o “R” pelo “L”. Aprender a falar corretamente facilitará o processo de alfabetização, para que as trocas de sons na fala não sejam transportadas também para a escrita. 

O desenvolvimento adequado da linguagem – fala e audição – ajuda os pequenos a estabelecerem uma comunicação com o mundo e proporciona a eles a confiança necessária para aprender, buscar novos desafios e estabelecer vínculos. Esteja pronto para ser o auxílio que seu filho precisa.

Se você notar alguma dificuldade ou atraso na fala do seu filho, procure ajuda especializada. Conheça os nossos especialistas.

Fonte: OTHERO, Gabriel de Ávila. Processos fonológicos na aquisição da linguagem pela criança. ReVEL, v. 3, n. 5, 2005. 

Legenda:

Redução CC: ex.: simplificação de grupos consonantais (prato, bloco…)
Apagamento de sílaba átona: ex.: ônbus – ônibus
apagamento de fricativa final: ex.: pata – pasta
apagamento de líquida final: ex.: peto – perto; pota – porta
apagamento de líquida inicial: ex.: ua – lua; ua – rua
dessonorização: ex.: ferdi – verde (trocar v por f, z por s, d po t, b por p…)
posteriorização: ex.: xapato – sapato; capete – tapete
anteriorização: ex.: taveiro – chaveiro; tasa – casa
semivocalização: ex.: paiaço – palhaço
substituição de líquida: barata – balata
plosivação: ex.: tapato – sapato
assimilação: ex.: nanana – banana
sonorização pré-vocálica: gopo – copo